
Obra da Fiol, primeira anunciada no Novo PAC, é suspensa na Bahia
Crise financeira ameaça continuidade do projeto

A Bahia Mineração (Bamin) rescindiu o contrato com a Prumo Engenharia, empresa responsável pela construção do Trecho 1F da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL 1), em Uruçuca, no sul da Bahia. A decisão resultou na demissão de cerca de 300 trabalhadores que ainda atuavam no canteiro de obras. Em seu pico, o empreendimento chegou a empregar cerca de mil pessoas.
O Trecho 1F, que tem 127 quilômetros de extensão, liga os municípios de Ilhéus, Uruçuca, Ubaitaba, Gongogi, Itagibá, Aurelino Leal e Aiquara. Ele integra o projeto maior da FIOL 1, que, ao ser finalizado, terá 537 quilômetros e conectará Caetité ao Porto Sul, em Ilhéus. A ferrovia é considerada estratégica para o escoamento da produção da Mina Pedra de Ferro, também operada pela Bamin.
De acordo com a Prumo Engenharia, a paralisação das obras foi motivada pela falta de investidores. A situação se agravou com a crise financeira da Eurasian Resources Group (ERG), controladora da Bamin, que tenta vender a empresa para recuperar parte dos US$ 1,2 bilhão já investidos. Entre os interessados nas negociações estão a Vale, o BNDES e outros grupos privados, mas até o momento não há definição.
O cancelamento do contrato e a interrupção das atividades têm forte impacto econômico nos municípios da região, especialmente em Uruçuca, onde o projeto era uma das principais fontes de renda. Além disso, o Porto Sul — terminal essencial para a operação da ferrovia — também está com as obras paralisadas, ampliando a incerteza sobre o futuro do complexo logístico da Bamin.
O governo federal tem pressionado a Vale a assumir parte do empreendimento, utilizando como contrapartida a renovação de concessões ferroviárias da mineradora. A proposta em análise prevê que a Vale assuma o controle majoritário da Bamin, enquanto o BNDES e outros investidores privados teriam participação minoritária.
Apesar das promessas de retomada, a escassez de recursos e os constantes atrasos colocam em risco a continuidade da FIOL 1. Audiências públicas têm sido realizadas na Bahia para discutir os impactos da paralisação, mas até agora não há soluções concretas para a retomada das obras.