
Vera Cruz teme impactos negativos após decisão unilateral da Agerba de interditar a ponte de Mar Grande
Prefeito diz que decisão foi unilateral

Uma decisão unilateral da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) gerou revolta entre autoridades e moradores de Vera Cruz. A travessia Salvador–Mar Grande, realizada pelas lanchinhas que conectam a capital ao município da Ilha de Itaparica, foi suspensa no início desta semana devido às condições climáticas.
Na terça-feira (19), a Capitania dos Portos autorizou a retomada do transporte, mas a Agerba, sem comunicar a Prefeitura ou outras autoridades locais, manteve o bloqueio da operação.
Diante da falta de diálogo, o prefeito Igor Pinho e o presidente da Câmara Municipal, Jorge Rasta, buscaram explicações junto ao órgão. A agência justificou a suspensão alegando problemas estruturais na ponte, sem ter informado previamente o município, o comércio ou a população.
A medida gerou indignação por comprometer a mobilidade da ilha. A Prefeitura ressaltou que há anos cobra providências do Estado para reforma da estrutura, sem retorno, e que precisou realizar, por conta própria, intervenções que seriam de responsabilidade do governo estadual.
A travessia é um dos principais meios de transporte entre Vera Cruz e Salvador, usada diariamente por estudantes, trabalhadores e turistas. Sem as lanchinhas, a população precisa recorrer ao ferryboat, que parte de Bom Despacho, em Itaparica, com custos mais altos e serviço considerado mais precário.
“Primeiro que nós soubemos disso pelas empresas que fazem a travessia. Não tivemos nenhuma informação da Agerba ou do governo do Estado. Novamente a gente bate nessa tecla: falta respeito, falta diálogo, e isso a gente não aceita”, disse o prefeito Igor Pinho ao Blog do Valente.
“Sempre foi uma pauta do município cobrar reformas. Quem colocou a cobertura foi a Prefeitura, na gestão passada. Muito pouco o Estado fez. Agora, essa medida prejudica a economia, porque a falta de consumidor leva empresas à falência e gera desemprego”, afirmou o presidente da Câmara, Jorge Rasta.
O comércio local também demonstrou preocupação. A CDL Ilha alertou que a interrupção da travessia pode reduzir vendas, comprometer empregos e impactar diretamente a economia da região. Vera Cruz representa cerca de 80% do território da Ilha e concentra a maior parte da população.
Após pressão de autoridades e do setor produtivo, a Agerba anunciou nesta quarta-feira (20) que permitirá a retomada das operações das lanchas, mas de forma reduzida. O órgão sinalizou ainda que a interdição total da ponte voltará a ocorrer a partir de sexta-feira, sem apresentar alternativas.