Caminhoneiros se dividem sobre paralisação nacional; veja discordâncias
A possível paralisação nacional de caminhoneiros, prevista para esta quinta-feira (4), não se concretizou. Apesar de grupos da categoria terem articulado um movimento com reivindicações estruturais para o setor, rodovias de todo o país amanheceram sem bloqueios, interdições ou registros de mobilizações, cenário confirmado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo a corporação, nenhuma comunicação formal sobre protestos foi enviada por entidades ou lideranças. Agentes mantiveram o trabalho habitual de ronda e monitoramento nos 75 mil quilômetros de rodovias federais, mas nada atípico foi constatado.
No Distrito Federal e Entorno, o tráfego permaneceu normal até as primeiras horas da manhã. Estados como Rio de Janeiro e São Paulo, onde organizadores previam maior adesão, também não registraram atos que caracterizassem uma greve.
Ainda assim, discussões internas na categoria continuam. A mobilização nacional, defendida por alguns grupos, reivindica mudanças no transporte rodoviário, revisão de legislações e novos benefícios. Entre os pontos apresentados estão:
– reserva de 30% das cargas de empresas estatais para motoristas autônomos;
– criação de uma Justiça específica para o transporte;
– anistia administrativa e penal ligada a mobilizações anteriores;
– revisão do Marco Regulatório do Transporte;
– aposentadoria especial após 25 anos de atuação;
– ampliação da abrangência do piso mínimo do frete;
– anistia a participantes de manifestações dos últimos 10 anos;
– subsídio ao óleo diesel;
– implantação de pontos de descanso ao longo das rodovias;
– linhas de crédito de até R$ 200 mil para caminhoneiros negativados;
– isenção de IPI para renovação da frota.
Apesar da pauta nacional, há divergências entre sindicatos e cooperativas. O Sindicam-Baixada, que representa autônomos da Baixada Santista e Vale do Ribeira, declarou que não participaria do movimento, alegando que parte das reivindicações possui caráter politizado e que a mobilização não foi construída coletivamente.
Caminhoneiros independentes do litoral paulista também afirmaram que não houve assembleia legítima para convocação de uma paralisação regional. Para o presidente da Cooperativa dos Caminhoneiros Autônomos do Porto de Santos (CCAPS), Marcelo Paz, decisões desse tipo precisam ser construídas de forma conjunta. “Sem consulta e sem consenso, não há como impor uma paralisação que impacte a economia da região e o acesso ao Porto”, afirmou.
Embora organizadores tenham estimado forte adesão nas cinco regiões do país, especialmente no Sudeste, o movimento não ganhou corpo nesta quinta-feira e ainda não possui unidade entre as principais entidades representativas da categoria.