
“Ele sonhava com o palco”: quem era o fisiculturista que morreu após competir no Pantanal Contest
Wanderson da Silva Moreira, de 30 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória

A morte do fisiculturista Wanderson da Silva Moreira, de 30 anos, durante o Pantanal Contest em Campo Grande (MS), no último sábado (10), está sendo investigada pela Polícia Civil e reacendeu discussões sobre os riscos à saúde de atletas amadores que participam de competições de alto rendimento. Natural de Rondonópolis (MT), Wanderson sofreu uma parada cardiorrespiratória logo após se apresentar no palco e não resistiu, mesmo após mais de uma hora de tentativas de reanimação no local.
Casado com Jaquelliny Carvalho e pai de três filhos, o atleta era conhecido por sua disciplina, generosidade e paixão pelo fisiculturismo. Nas redes sociais, era comum vê-lo entre treinos intensos, planos alimentares e momentos com a família. Na véspera da competição, publicou uma foto ao lado da esposa com a legenda: “Hoje vim sem você, mas farei o possível para levar mais uma para casa”, em referência à taça que esperava conquistar. Ele não sabia que aquele seria seu último registro.
Wanderson era hipertenso, condição que já havia sido informada a familiares e colegas. Segundo a Polícia Civil, ele sofreu a parada após se apresentar no palco da competição e foi atendido imediatamente por socorristas e médicos do evento. Foram 1h20 de tentativas de reanimação, com uso de desfibrilador, massagem cardíaca, medicamentos e intubação. O óbito foi confirmado ainda no local. A organização do Pantanal Contest informou, por nota, que todos os protocolos médicos exigidos foram seguidos e que está colaborando com as investigações.
A comoção nas redes sociais foi imediata. Alunos, amigos e colegas de academia lembraram Wanderson como um exemplo de superação e humildade. “Ele era luz por onde passava. Nunca dizia não a quem precisava”, escreveu uma ex-aluna. O treinador do atleta também prestou homenagem: “Perdi um irmão. Um cara com brilho nos olhos, que sonhava alto e nunca mediu esforços para chegar lá”.
Além de competir, Wanderson trabalhava como personal trainer em duas academias de Rondonópolis e dava aulas particulares. Segundo o irmão, era comum vê-lo acordar antes das 5h da manhã para treinar e atender os alunos, mas ainda assim buscar os filhos na escola ou preparar o jantar em casa. “Ele era um guerreiro, no palco e na vida”, disse.
O corpo foi velado na cidade onde nasceu e viveu. O resultado do laudo do Instituto Médico Legal, que deve confirmar as causas exatas da morte, ainda não foi divulgado.
A morte de Wanderson reacende o debate sobre os limites da preparação física extrema, especialmente entre atletas amadores. Especialistas alertam para os riscos associados ao uso de substâncias como anabolizantes e diuréticos, comuns em fases finais de preparação para competições. “É fundamental que os atletas façam exames regulares e informem condições pré-existentes aos treinadores e médicos. Em corpos já submetidos a grandes exigências físicas, qualquer fator extra pode ser fatal”, explica a cardiologista esportiva Dra. Cláudia Freitas.
“O palco era o sonho, mas o coração dele sempre esteve em casa, com os filhos e a esposa. Isso era o mais bonito de ver”, disse um amigo.