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Redação 26 de Setembro, 2025
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Estudo aponta que Terras Indígenas reduzem doenças ligadas a queimadas e infecções tropicais

Brasil
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Redação 26 de Setembro, 2025

Pesquisa liderada por brasileiras mostra que áreas legalmente protegidas na Amazônia e Mata Atlântica contribuem para mitigar poluição e melhorar a saúde até 500 km de distância

Um estudo publicado na revista Nature e liderado por pesquisadoras brasileiras concluiu que as Terras Indígenas (TIs), principalmente as legalmente demarcadas, exercem impacto direto na redução de doenças causadas pela poluição de queimadas e de doenças infecciosas tropicais em cidades localizadas em um raio de até 500 quilômetros.

A pesquisa reuniu dados entre 2000 e 2019 de todos os nove países da região amazônica e também avaliou os efeitos na Mata Atlântica, com resultados semelhantes. O estudo foi conduzido por Julia Barreto, do Instituto de Estudos Avançados da USP, e Paula Prist, do Forests and Grassland Program, da União Internacional pela Conservação da Natureza, nos Estados Unidos.

As cientistas analisaram o impacto de partículas resultantes das queimadas com menos de 2,5 micrômetros, que podem atingir o sistema respiratório e cardiovascular. Esses poluentes viajam longas distâncias, afetando populações distantes dos focos de incêndio.

“Nossas descobertas reforçam a importância do reconhecimento legal das Terras Indígenas, não apenas para conter o desmatamento, mas também para melhorar a saúde humana local”, destacou o estudo.

Entre os resultados, os dados apontam que TIs legalizadas reduzem o número de focos de incêndio, a extensão das áreas queimadas e a emissão de poluentes, além de diminuírem a disseminação de doenças como malária, leishmaniose e hantavírus. O efeito positivo é maior em municípios mais degradados, onde as reservas funcionam como áreas de compensação ambiental.

O estudo também observou que as florestas têm capacidade de remover poluentes do ar por deposição seca, reduzindo a concentração de partículas nocivas. Para as doenças respiratórias, a relação foi direta: quanto maior a integridade da floresta, menor o impacto na saúde da população.

“Os territórios indígenas não beneficiam apenas quem vive neles, mas também moradores de cidades próximas, tornando as paisagens mais saudáveis para toda a região”, explicou Julia Barreto.

Além dos efeitos ambientais e sanitários, as pesquisadoras ressaltaram que a rede internacional formada para coleta de dados abre caminho para novas pesquisas e políticas públicas voltadas à saúde e ao meio ambiente.