
Investigação revela que verba dos respiradores bancou carros de luxo e faturas de cartão, diz site
R$ 48,7 milhões pagos pelo Consórcio Nordeste foram desviados

Investigação da Polícia Federal aponta que R$ 48,7 milhões pagos pelo Consórcio Nordeste em 2020 para a aquisição de respiradores pulmonares foram desviados pela empresa contratada. Este recurso foi utilizado para fins particulares, como pagamento de mensalidades escolares e aquisição de carros de luxo. A informação foi divulgada pelo site UOL.
Os equipamentos nunca chegaram a ser entregues. De acordo com a apuração, a empresa Hempcare, responsável pelo fornecimento, transferiu integralmente o valor recebido para diversas pessoas físicas e jurídicas sem qualquer vínculo com a compra dos respiradores. As movimentações ocorreram entre abril e maio de 2020, período em que a empresa esvaziou suas contas.
O rastreamento realizado pela PF identificou que os recursos públicos foram utilizados para fins particulares, como compra de veículos, pagamento de faturas de cartão de crédito e despesas pessoais, como mensalidades escolares. Uma das beneficiárias adquiriu um SUV Volkswagen Touareg (R$ 75 mil), um caminhão Mercedes-Benz Accelo 815 (R$ 176 mil) e um Mitsubishi ASX (R$ 76 mil), ainda em 2020. Outro destinatário destinou cerca de R$ 150 mil para quitação de cartões de crédito.
“Impressiona verificar que as investigações cuidaram de apontar que até mesmo as faturas de cartões de crédito da investigada, que perfizeram o montante de R$ 149.378,74, foram pagas com valores advindos das contas da Gespar Administração de Bens. Ou seja, com dinheiro originalmente público destinado à compra dos respiradores pulmonares”, diz outro trecho do processo.
Além disso, a Polícia Federal apurou que ao menos R$ 5 milhões circularam por contas de empresas dos setores imobiliário, de administração de bens e fundos de investimento — sem qualquer ligação com o fornecimento de ventiladores pulmonares.
A Hempcare, empresa especializada em medicamentos à base de maconha, não possuía experiência prévia no fornecimento de equipamentos hospitalares, e o pagamento foi realizado integralmente de forma antecipada. O dinheiro não foi recuperado até hoje. O inquérito da PF permanece em andamento.