
Maioria no país, alunos mais pobres têm menor aprendizado em leitura

Um estudo internacional revelou que os estudantes brasileiros com menor nível socioeconômico apresentam os piores índices de aprendizado em leitura no 4º ano do ensino fundamental. Apenas 26,1% desses alunos atingem um nível considerado adequado, enquanto entre os mais ricos, o índice sobe para 83,9%. A diferença de 58 pontos percentuais é a maior entre todos os países analisados.
A análise foi feita pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), com base nos microdados do PIRLS (Estudo Internacional de Progresso em Leitura), aplicado pela primeira vez no Brasil em 2021. O exame, que avalia a proficiência em leitura em 57 países, apontou que quase metade dos estudantes de famílias mais pobres no Brasil está abaixo do nível básico de aprendizado.
Segundo o diretor do Iede, Ernesto Martins Faria, os dados revelam um cenário preocupante de exclusão educacional. “Não é que não exista um cenário de boa aprendizagem no Brasil, existe, só que é para poucos. Isso tem que incomodar muito a gente. Por que tem um grupo pequeno que consegue chegar a um nível de aprendizagem competitivo em nível internacional, e por que, quando a gente olha para os [estudantes] de baixa renda, a situação de aprendizagem é tão complicada, inclusive com muitos alunos não chegando ao nível básico da avaliação?”, afirmou.
Os números também indicam que o hábito da leitura dentro de casa e o acesso precoce aos livros influenciam diretamente no desempenho dos alunos. Entre os estudantes que tiveram contato com leitura antes da escola, quase metade apresentou aprendizado adequado. Já entre aqueles cujos pais afirmam não gostar de ler, o desempenho cai significativamente.
O estudo ainda identificou que o Brasil é um dos países com maior desigualdade educacional entre os que participaram da avaliação.