MP-BA pede indenização de R$ 2 milhões contra Claudia Leitte por mudança em letra de música
Ação civil pública aponta discriminação religiosa após cantora substituir verso que saudava Iemanjá por referência a Jesus em apresentação de 2024
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) ajuizou uma ação civil pública contra a cantora Claudia Leitte, pedindo a condenação ao pagamento de R$ 2 milhões por dano moral coletivo, após a artista alterar o verso da música “Caranguejo” durante apresentações em 2024. Segundo o órgão, a substituição do trecho “saudando a rainha Iemanjá” por “eu canto meu rei Yeshua” configura discriminação religiosa contra tradições afro-brasileiras.
A ação também solicita que a cantora faça uma retratação pública e se abstenha de praticar atos considerados discriminatórios em apresentações, entrevistas, produções artísticas ou redes sociais. O MP sustenta que a modificação da letra extrapola a liberdade artística e atinge manifestações culturais e religiosas protegidas constitucionalmente.
A denúncia que deu origem ao processo foi formalizada em janeiro deste ano pela ialorixá Jaciara Ribeiro, do Ilê Axè Abassa de Ogum, e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (IDAFRO). O caso é conduzido pela Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, sob responsabilidade da promotora Lívia Sant’Anna Vaz.
Na ação, o MP levanta ainda a hipótese de que a mudança esteja relacionada à conversão religiosa da cantora a denominações neopentecostais, apontando um histórico de desqualificação das religiões de matriz africana. A defesa da artista ainda não se manifestou. Advogados ouvidos pela imprensa avaliam que o caso pode ser enquadrado como intolerância religiosa e racismo religioso.