Ouvidoria da Defensoria do Rio denuncia graves violações de direitos humanos após operação no Alemão e na Penha
A Ouvidoria Geral da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro divulgou um relatório com diversas denúncias de violações de direitos humanos supostamente cometidas durante a Operação Contenção, realizada na última terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da capital fluminense.
O documento reúne relatos de moradores que afirmam ter ocorrido roubos de documentos, importunação sexual de mulheres, uso de residências por policiais para emboscadas, além de casos de tortura e execuções. As denúncias também apontam falta de perícia nos locais, omissão de socorro e criminalização de familiares que tentaram resgatar corpos das vítimas.
Segundo o relatório, a operação provocou o fechamento de escolas, clínicas e equipamentos de assistência social, além de interrupções na coleta de lixo e no fornecimento de energia elétrica nas comunidades.
Integrantes da Ouvidoria estiveram pessoalmente nas áreas afetadas, visitaram o Instituto Médico Legal e se reuniram com representantes da Central Única das Favelas (Cufa). Eles também acompanharam a retirada de corpos em uma área de mata — alguns, segundo o relatório, apresentavam mãos amarradas, tiros na cabeça e marcas de facadas.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, a operação resultou em 121 mortes, incluindo quatro policiais, e na prisão em flagrante de 93 pessoas. A ação teve como alvo integrantes da facção Comando Vermelho, que domina a região.
Em nota, a Secretaria de Polícia Militar afirmou que “a corporação colabora integralmente com todos os procedimentos apuratórios e investigativos sobre as ações”. As Secretarias de Segurança Pública e de Polícia Civil também foram procuradas, mas não responderam até a última atualização desta reportagem.