
Preta Gil sofreu e combateu a gordofobia; relembre a luta

Cantora, atriz e militante de diversas causas, Preta Gil foi uma das primeiras figuras de grande relevância nacional a emprestar seu nome à luta contra a gordofobia. Fora do “padrão” imposto pelo status quo, Preta nunca se furtou a usar biquíni na praia ou a se autoproclamar gostosa — um gesto poderoso em um país onde corpos fora do padrão são frequentemente silenciados ou ridicularizados.
Morta neste domingo (20), aos 50 anos, Preta entra para a história como uma mulher revolucionária também nesse aspecto. Há um ano, em entrevista ao programa Roda Viva, ela falou abertamente sobre essa batalha.
“Talvez seja a luta mais difícil, do ponto de vista da estrutura, são muitas camadas. […] A gente fala do empoderamento, isso tudo ajuda, mas é tão impregnado na gente essa questão da gordofobia, é naturalizado. Num jantar, sua tia vai ser gordofóbica, seu marido… Você chega num lugar e alguém fala ‘emagreceu, hein?’. Isso não necessariamente é um elogio. É melhor não falar do corpo do outro. […] Eu estou nessa desconstrução”, afirmou.
No livro autobiográfico Os Primeiros 50, lançado em agosto de 2024, Preta relembrou um episódio doloroso ocorrido no programa de Silvio Santos, em 2018:
“A gordofobia está em todo lugar. Está enraizada. […] Silvio questionou como eu teria ‘arrumado um marido’. Claramente por causa do meu peso. Hoje me arrependo de não ter saído do palco. Mas eu não tive forças. […] Eu me senti impotente. Eu me entreguei. […] Se eu abrisse a boca, ia começar a chorar e acabar ficando como a maluca da história.”
Preta Gil fez de sua dor uma bandeira. Converteu feridas em trincheiras de luta. Inspirou uma geração inteira a se olhar no espelho com mais gentileza e a enfrentar os padrões com mais coragem. Sua voz seguirá ecoando nas mulheres que se recusam a ser moldadas por um mundo que insiste em diminuí-las.
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