“É triste que nenhum agente público nos procurou”, diz frei sobre a restauração da Igreja de São Francisco em Salvador

Em texto publicado nas redes sociais, na terça-feira (20), o Frei Lorrane, da Igreja e Convento de São Francisco, localizada no Pelourinho, em Salvador, revelou sua preocupação com o processo de restauração da igreja, que segue fechada desde o desabamento do teto que matou a turista italiana Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, no dia 5 de fevereiro deste ano.

Giulia, que visitava a capital baiana acompanhada de uma amiga, foi atingida por elementos do forro da nave principal por volta das 14h30. Outras cinco pessoas ficaram feridas, mas sobreviveram.

Segundo Frei Lorrane, as obras emergenciais estão em andamento, custeadas diretamente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que também contratou a empresa responsável pelo trabalho de contenção. Elementos artísticos que desabaram foram recolhidos e catalogados. Apesar do avanço inicial, o frei alerta que os projetos de restauração mais abrangentes estão parados, desde o acidente.

“Desde 2021 existe um trâmite para a contratação de um projeto que visa restaurar completamente o complexo. Esse projeto foi autorizado em 2023 e uma empresa chegou a começar, mas os trabalhos estão atrasados. E depois do ocorrido em fevereiro, tudo estacionou de vez. São questões internas do órgão federal, e nós, freis, infelizmente não temos como resolver”, relatou o frei.

Ele explica que, embora o convento também esteja interditado, muitos dos problemas estruturais exigem mais que simples remendos. “Depois do acidente, o convento também foi interditado, e há muitos problemas que não se resolvem com “remendos”. Estamos falando de um prédio com mais de 300 anos, que precisa de obras especializadas e que geralmente são muito caras. Pra se ter ideia, só o projeto (não a obra, mas o levantamento técnico, medições, exames, plantas, etc.) custou mais de 1,2 milhão de reais. Agora imagine quanto não vai custar a restauração completa”, explica o frei.

Além da preocupação com o patrimônio histórico e religioso, Frei Lorrane fala da sobre o silêncio das autoridades políticas. Desde o acidente, segundo ele, nenhum representante do poder público visitou o local ou ofereceu apoio.

“Tenho pensado muito sobre a importância da Igreja e Convento de São Francisco pra nossa cidade, pro estado e pro país. E, sinceramente, é triste perceber que até agora nenhum agente público (seja o prefeito, governador, vereador ou deputado) nos procurou pra ver a situação de perto ou oferecer ajuda, considerando o valor histórico e simbólico desse lugar”, desabafou o religioso.