Interdição repentina do Mercado do Ogunjá gera revolta entre comerciantes: “Que ditadura é essa?”
O tradicional Mercado do Ogunjá, ponto comercial de Salvador, foi alvo de uma medida inesperada nesta quinta-feira (29), com a interdição total e imediata do imóvel por risco de colapso estrutural. A decisão, tomada com base em um despacho técnico assinado por Vera Lúcia Gibaut dos Santos, Diretora de Edificação, causou indignação entre os comerciantes do local, que afirmam ter sido pegos de surpresa, sem aviso prévio e sem qualquer alternativa para continuidade de suas atividades.
De acordo com o documento encaminhado à Assessoria Técnica, a medida foi motivada por graves falhas estruturais identificadas durante inspeções técnicas recentes. Entre os principais problemas apontados estão a deterioração severa dos pilares metálicos, que apresentam perda significativa de material devido à corrosão, recalques desiguais nas fundações, com comprometimento da estabilidade da estrutura, além de uma cobertura treliçada cuja integridade está em risco, podendo levar ao colapso parcial ou total do telhado.
O engenheiro Adriano Fortes, responsável pela análise estrutural, afirmou que interditaria o mercado devido à gravidade dos danos identificados. A gestão técnica determinou a elaboração de um parecer técnico completo, com entrega prevista para 10 de junho, e destacou a urgência do escoramento da estrutura. Também está previsto um projeto para separar estruturalmente o mercado das unidades vizinhas, como a Cesta do Povo e a Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos.
Apesar da justificativa técnica, os comerciantes do mercado foram pegos de surpresa com o fechamento repentino. Segundo relatos, a comunicação da interdição ocorreu apenas um dia antes, sem tempo hábil para planejamento, retirada de mercadorias ou readequação das atividades, afirmando estar com estoques prontos para venda e dívidas a pagar, o que agrava ainda mais a situação.
“Essa notícia veio de última hora. Só falaram que ia interditar, mas não apresentaram nenhum laudo técnico, só o despacho. E a gente está com mais de R$ 5 mil em mercadoria, e investimentos que passam de R$ 100 mil. Que ditadura é essa?”, desabafou um comerciante com mais de três décadas de atuação no mercado.
Além da indignação, os comerciantes se queixam da ausência de uma associação que represente seus interesses junto ao poder público. Eles marcaram uma reunião emergencial para esta sexta-feira (30), às 7h da manhã, buscando esclarecimentos e exigindo alternativas que garantam a continuidade das atividades, como o funcionamento provisório em um galpão.
A Diretoria de Edificação sugeriu o envolvimento da CONDER para coordenar a requalificação total do espaço e a criação de uma estrutura provisória. No entanto, até o momento, nenhuma solução concreta foi apresentada aos trabalhadores afetados.
Nossa equipe entrou em contato com a FLEM (Fundação Luís Eduardo Magalhães), responsável pela gestão do mercado, mas até o momento não obteve resposta.