
Do Katendê a Kirk: o extremismo político e suas consequências

Se você esteve na internet nos últimos dias, certamente se deparou com as notícias sobre o assassinato de Charlie Kirk. Não é exatamente sobre o crime em si que quero falar, mas sobre a repercussão política – e talvez até social – que esse episódio gerou.
Pra começo de conversa: se você lamentou a morte de Moa do Katendê, nas eleições de 2018, ou se se revoltou quando um apoiador de Jair Bolsonaro invadiu a festa de aniversário de um petista e o matou, você também deveria lamentar o que aconteceu agora nos Estados Unidos. Assim como deveria ter lamentado os atentados contra os então candidatos Donald Trump e Bolsonaro.
O que me chama a atenção nesse momento é outra coisa: a direita mundial, e com ela a brasileira, se apropriou de um instrumento que parecia já estar em desuso — o cancelamento. No Brasil, ao menos cinco ou seis pessoas foram demitidas após fazerem piadas inoportunas com a morte de Charlie Kirk.
O caso mais emblemático talvez seja o do escritor Eduardo Bueno, o Peninha. Logo após o atentado, ele publicou um vídeo celebrando o tiro contra Kirk. Depois, dobrou a aposta em um novo vídeo. Só então, quando a onda de cancelamento começou, resolveu voltar atrás. Mas já era tarde demais: perdeu convites para palestras, podcasts, seguidores. E, sobretudo, perdeu dinheiro.
Esse é o ponto central. Cancelamento de verdade não é ter cem adolescentes te xingando no Twitter. Isso, em certo aspecto, até ajuda, porque infla o alcance e gera notoriedade. O que aconteceu com Peninha foi diferente: a direita se organizou, exigiu que ele fosse afastado de seus espaços de destaque — e conseguiu.
Esse movimento representa uma virada no jogo político. Um verdadeiro turning point. Coincidência ou não, é justamente o nome da instituição criada por Charlie Kirk.
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