
Gonet critica delação de Mauro Cid no STF: “Não existe testemunha premiada”

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionou nesta terça-feira (2) a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid durante o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF).
Gonet afirmou que a colaboração não pode ser usada como estratégia de defesa para reduzir a responsabilidade do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
Segundo ele, a delação só tem validade quando acompanhada da admissão de culpa.
“Sabidamente, o acordo de colaboração é negócio jurídico em que o réu reconhece a prática dos delitos. Daí ser de desprezar, por paradoxal, a negativa expressa no instante das alegações finais de participação no empreendimento criminoso delatado. Não custa recordar que não existe entre nós a figura da mera testemunha premiada”, disse Gonet.
O procurador ressaltou ainda que os relatos de Cid foram “úteis” para a investigação, mas destacou que a maior parte das descobertas foi feita pela Polícia Federal de forma independente.
“A manifestação final da procuradoria buscou, entretanto, refletir o valor da contribuição ao processo investigativo, ponderando omissões percebidas”, completou o procurador.