Pastor Silas Malafaia é alvo de operação da PF após receber Comenda Dois de Julho
O contraste entre honrarias e investigações criminais voltou a chamar atenção nesta semana. O pastor Silas Malafaia, homenageado em 2024 com a Comenda Dois de Julho pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), passou a ser investigado em uma operação da Polícia Federal autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (20).
Enquanto a comenda celebra sua atuação “em defesa da família” e sua oposição à legalização do aborto e das drogas, Malafaia agora enfrenta suspeitas de envolvimento em coações relacionadas à tentativa de golpe de Estado.
A Comenda Dois de Julho é a mais alta distinção concedida pela Alba e foi aprovada em resolução do deputado Samuel Júnior (Republicanos), sendo promulgada pelo então presidente da Casa, deputado Adolfo Menezes. Na ocasião, os parlamentares Hilton Coelho (PSOL) e Fabíola Mansur (PSB) votaram contra a homenagem.
Entidades de direitos humanos também criticaram a premiação, considerando que o discurso de Malafaia poderia ser excludente e contrário à diversidade, levantando debates sobre os limites entre reconhecimento institucional e responsabilidade social.
O cenário, contudo, mudou radicalmente. Ao desembarcar em Lisboa, Malafaia foi abordado por agentes da Polícia Federal no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. Durante a ação, seus celulares foram apreendidos e medidas cautelares foram aplicadas, incluindo a proibição de deixar o país e de manter contato com outros investigados.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, há registros de diálogos e publicações que indicam o pastor como “orientador e auxiliar” em ações de coação e obstrução promovidas por Jair Bolsonaro e aliados. A investigação aponta que Malafaia teria incentivado o ex-presidente a descumprir medidas cautelares do STF, sobretudo no uso das redes sociais.