
Prêmio Nobel da Paz a María Corina Machado gera críticas de autoridades e especialistas
Premiação da líder oposicionista venezuelana é questionada por ex-diretor do FMI, presidentes da América Latina e especialistas em direitos humanos

A atribuição do Prêmio Nobel da Paz a María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, provocou críticas de autoridades e especialistas nesta sexta-feira (10). Segundo Paulo Nogueira Batista Jr., ex-diretor executivo do FMI, em publicação no X, o comitê premiou uma “política controlada por Washington” em vez de pessoas que lutam contra o “genocídio em Gaza”.
Além dele, políticos e líderes latino-americanos manifestaram repúdio à escolha. A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, e o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, assim como o ex-presidente boliviano Evo Morales, expressaram descontentamento nas redes sociais. Especialistas em direitos humanos, como Marisol Guedez, do Observatório para Dignidade no Trabalho, afirmam que María Corina não demonstrou preocupações concretas com a paz na Venezuela, destacando que a oposição liderada por ela promoveu atos violentos fora do marco jurídico do país.
Alguns analistas compararam o papel da venezuelana ao de políticos de direita no Brasil, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), devido ao apoio a sanções econômicas impostas à Venezuela pelo governo Trump, em 2017. Por outro lado, representantes da direita brasileira, como Nikolas Ferreira (PL-MG), comemoraram a premiação. Em caráter pessoal, o assessor da Presidência, Celso Amorim, afirmou que o Nobel “priorizou a política em relação à paz”.
O Comitê Norueguês do Nobel justificou a escolha em nota, afirmando que o prêmio reconhece “o trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”. Segundo o presidente do Comitê, Jørgen Watne Frydnes, María Corina Machado é “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos”.