Conquista: Sheila lança marido a estadual e ‘balança a roseira’ da política local

Prefeita reeleita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos (UB) surpreendeu parte do meio político ao confirmar a aliados a intenção de lançar o marido, Wagner Alves, como candidato a deputado estadual. A movimentação atinge em cheio o líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Tiago Correia (PSDB), que representou a cidade no último pleito e, em 2024, atuou ao lado de Sheila para fortalecer o PSDB na Câmara Municipal. Com Wagner “de Sheila” no circuito, o caminho de Correia se complica.

Interlocutores ouvidos pelo Se Ligue Bahia apontam que o cenário atual foi desenhado pela própria gestora, que acaba se envolvendo em uma série de “saia-justas” ao incentivar a estreia do companheiro na política.

Primeiro ponto: com essa decisão, Sheila azedaria — ou quem sabe encerraria — a parceria com Tiago. A ideia dela seria garantir um nome “genuinamente conquistense” na Alba. O último a se aproximar disso foi Hérzem Gusmão, suplente de Bruno Reis. Depois, Tiago assumiu a vaga. Embora filho da cidade, ele veio para Salvador aos 18 anos terminar a faculdade de Medicina Veterinária. Depois de formado, ele passou a ser figura constante na cidade, onde seus pais inclusive residem.

Outra dor de cabeça: acomodar sua base na Câmara. Correia foi peça-chave na eleição de três vereadores — Paulinho Oliveira, Nelson de Vivi e Edivaldo Ferreira Júnior. Todos, em tese, trabalhariam por sua reeleição. Agora, seguem com o tucano ou embarcam na campanha do “primeiro-damo”?

Mais um desafio: onde encaixar o marido? Há rumores de que Wagner possa ir para o PRB, partido orbitado pelo deputado federal Elmar Nascimento (UB) — a quem Sheila entregou votos em 2022. Outra opção seria o União Brasil, de ACM Neto, que tenta recompor sua bancada na Alba após perder Alan Sanches, Robinho e Manuel Rocha — todos de olho em Brasília.

Nos bastidores conquistenses, há quem diga que, se Sheila levar mesmo o projeto adiante (e ela não é conhecida por recuar), vai quebrar a lógica do “marido que lança a mulher” e tentar entregar, só em Conquista, algo entre 30 e 40 mil votos para o amado.