
Demissão de Yuri Silva repercute no movimento negro e levanta críticas à gestão de Anielle Franco

A demissão do secretário do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), Yuri Silva, pelo telefone, realizada pela ministra Anielle Franco, tem causado grande comoção e debate dentro do movimento negro brasileiro. A decisão, que veio acompanhada de um suposto desconforto entre os membros do ministério, estaria relacionada à proximidade de Yuri com o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que enfrenta acusações de importunação sexual.
Marcos Rezende, presidente do Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), fez duras críticas à forma como a política do movimento negro tem sido tratada dentro do governo. Em uma declaração, Rezende questionou a falta de respeito pela história e ancestralidade negra ao colocar figuras em posições de destaque sem uma construção coletiva: “os brancos não são os nossos donos ou donas. Não nos curvamos por beijinhos de A ou B em nossas testas. Não temos mais senhores ou senhoras. Somos os herdeiros da nossa luta, história e trajetória ancestral”, afirmou.
Para Rezende, a demolição da política construída ao longo dos séculos pelo povo negro é uma preocupação constante, principalmente quando decisões são tomadas sem consideração pela trajetória do movimento. Ele destacou a importância de conceitos como UBUNTU e Sankofa, que valorizam o respeito ao passado e a coletividade, em contraste com um individualismo crescente que pode prejudicar o progresso coletivo.
Ao elogiar Yuri Silva, o ativista fez questão de ressaltar a força do ex-secretário diante de uma situação que descreveu como um “golpe violento e rasteiro”. Rezende destacou o equilíbrio e a resiliência de Yuri, afirmando que “a história o absolverá” e reconhecendo seu papel fundamental na luta pelo bem do povo negro.