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Redação 16 de Outubro, 2025
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Edital da Secult-BA exige “harmonia com política estadual” e revolta artistas baianos

Política
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Redação 16 de Outubro, 2025

 

Um item de edital da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA) gerou forte reação entre artistas e produtores culturais do estado. O motivo é o critério que exige “harmonia com a política estadual de cultura”, visto por parte da classe artística como uma tentativa de subordinar a produção cultural à aprovação ideológica do governo Jerônimo Rodrigues (PT).

Nas redes sociais, circula uma imagem que mostra a pontuação atribuída a dois projetos: “Vou te Contar!”, do ator e diretor Marcelo Mascarenhas Prado, e “Os pássaros de Copacabana”, de Ana Paula Mascarenhas Prado. Ambos receberam nota 7,7 no quesito que menciona a “harmonia” com a política cultural do estado.

A exigência provocou uma onda de críticas, com alguns artistas classificando o critério como uma “modelização fascista”. O episódio ampliou o desgaste entre o setor cultural e o atual secretário de Cultura, o gaúcho Bruno Monteiro, indicado ao cargo pelo senador Jaques Wagner (PT).

Entre as vozes contrárias à medida está a escritora e diretora artística Maria Prado de Oliveira, que repudiou a avaliação. “Qualquer julgamento pessoal na distribuição do dinheiro público, seja por opiniões divergentes ou por afinidade, é autoritarismo, base de fascismos”, escreveu em publicação nas redes sociais.

O ator Marcelo Prado, um dos artistas citados, afirmou que a questão vai além da aprovação ou não de projetos. “O que queremos entender é o pensamento de uma comissão que ignora aspectos que o próprio edital define como relevantes”, comentou.

Outros nomes da cena teatral, como Gil Vicente Tavares, também se manifestaram. As críticas se multiplicaram nas redes sociais:

“A China de Mao Tse Tung não ousou tamanho dirigismo cultural. É vergonhoso e inadmissível”, escreveu um seguidor.
“Num governo que se diz de esquerda, é surreal um critério como esse”, disse outro.

Essa não é a primeira controvérsia envolvendo a Secult-BA. Desde que assumiu a pasta, em 2023, Bruno Monteiro tem enfrentado resistência do setor, chegando a ser chamado de “alienígena” em um manifesto de artistas baianos.

Em recente entrevista ao site Política Livre, o secretário respondeu às críticas. “A cultura nasce, cresce e se desenvolve no ambiente democrático. A democracia é ruidosa, inquieta, e nós que trabalhamos com cultura estamos acostumados com esse ambiente de crítica e divergência”, declarou Monteiro.