Clima
Min 22ºc - Max 31ºc Salvador
Calendário
domingo, 12 de Outubro, 2025
Redação 16 de Julho, 2025
Icone - Autor

Governo Lula envia carta aos EUA e cita ‘indignação’ com tarifaço

Política
Icone - Autor
Redação 16 de Julho, 2025

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou uma carta na terça-feira (15), ao governo dos Estados Unidos, na qual expressou “indignação” com o anúncio de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros e reforçou a disposição de negociar uma solução bilateral. 

Endereçada ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio Jamieson Greer, a carta foi assinada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB) e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

No documento, o governo brasileiro também exige resposta a uma proposta de negociação enviada em maio, até hoje sem retorno oficial. Segundo o governo, esse primeiro documento continha sugestões confidenciais para evitar um impasse comercial.

“A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”, diz um trecho do documento.

Desde o anúncio do tarifaço por Donald Trump, em 9 de julho, Alckmin e Vieira mantêm diálogo direto com autoridades americanas, mas ainda sem avanços práticos. O governo brasileiro alega que está pronto para uma “solução mutuamente aceitável” e reforça a intenção de preservar o relacionamento estratégico com os Estados Unidos.

“[Dialogar] com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral”, acrescenta o documento. 

A carta também rebate o argumento de Trump de que os EUA teriam prejuízo na balança comercial com o Brasil. Dados citados no documento mostram que, nos últimos 15 anos, o déficit brasileiro com os Estados Unidos chega a quase US$ 410 bilhões, considerando bens e serviços.

O Planalto também pressiona por clareza sobre os reais motivos da nova política tarifária americana e pede que o governo norte-americano aponte quais setores ou práticas comerciais seriam considerados problemáticos.

Leia a carta na íntegra:

A Suas Excelências os Senhores
Secretário de Comércio, Howard Lutnick
Representante Comercial dos Estados Unidos, Embaixador Jamieson Greer

 

1 . O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.

2 . Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.

3 . Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.

4. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.

5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral.