Lobista afirma ter influência no governo Rui Costa em contrato fraudulento de respiradores, diz PF

Diálogos obtidos pela Polícia Federal apontam que o lobista Cleber Isaac alegou influência no governo do então governador da Bahia, Rui Costa, para intermediar contrato fraudulento de compra de respiradores durante a pandemia, em 2020. O negócio, firmado pelo Consórcio Nordeste — presidido por Rui à época — envolveu o pagamento de R$ 48,7 milhões à empresa Hempcare, que nunca entregou os equipamentos. As informações são da coluna de Aguirre Talento, do UOL.

Segundo o inquérito, recentemente encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) após mudança de entendimento sobre foro privilegiado, a Polícia Federal investiga se parte dos R$ 11 milhões pagos em comissões a Cleber Isaac e outro lobista seria, na verdade, propina a agentes públicos.

Em conversa por WhatsApp obtida pela PF, Cleber pressiona a empresária Cristiana Taddeo, dona da Hempcare, pelo pagamento das comissões e afirma: “O governo nunca saberia de vocês sem eu indicar”, destacando que tinha “dez anos de relacionamento”.

As mensagens são vistas pela PF e pela Justiça Federal como reforço aos indícios de que o lobista atuou junto ao governo baiano para viabilizar o contrato irregular.

Cristiana, em delação premiada revelada pelo UOL em 2023, afirmou ter pago comissões milionárias a Cleber, que se apresentava como amigo de Rui Costa e da então primeira-dama Aline Peixoto. Em depoimento à Assembleia Legislativa do RN em 2021, Cleber admitiu conhecer o casal desde 2010, mas negou envolvimento com o contrato.

Rui Costa, atual ministro da Casa Civil, não se pronunciou sobre o novo desdobramento. Em declarações anteriores, afirmou que nunca tratou das compras com intermediários e que determinou investigação da Polícia Civil da Bahia sobre o caso durante sua gestão. Cristiana Taddeo também não comentou. A defesa de Cleber Isaac informou que só se manifestará nos autos.