“Não preciso do diploma de deputado”, diz Eduardo Bolsonaro sobre desistir do mandato
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse nesta segunda-feira (14), que não pretende voltar ao Brasil e que deve abrir mão do mandato na Câmara dos Deputados. Em entrevista à Coluna do Estadão, do jornal Estado de S.Paulo, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que permanecerá nos Estados Unidos, onde, segundo ele, desenvolve uma articulação internacional da direita.
“O trabalho que estou fazendo aqui é mais importante do que o trabalho que eu poderia fazer no Brasil”, disse o deputado que afirmou ainda lamentar ter que abdicar do mandato, mas que tem certeza de que seria preso num possível retorno ao Brasil.
A licença de Eduardo na Câmara termina no dia 21 de julho. Ele não indicou se formalizará a renúncia antes dessa data, mas deixou claro que não pretende retomar o mandato. “Por ora eu não volto. A minha data para voltar é quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender. Eu tô me sacrificando para levar adiante a esperança de liberdade”, afirma Eduardo.
Sobre o diploma de deputado, ele afirmou que não precisa do documento para o seu trabalho de articulação política nos Estados Unidos.
“Não preciso mais de um diploma de deputado federal para abrir portas e os acessos que tenho aqui. Então, a princípio eu continuo aqui. Se o Brasil estivesse vivendo uma normalidade democrática, em que o deputado pudesse falar, onde os deputados de direita pudessem ser iguais a um deputado de esquerda – que vai a organismos internacionais, como fizeram no ano passado, pedir a prisão de Jair Bolsonaro, ou a campanha do Lula livre em que o próprio Cristiano Zanin (ministro do STF), o Boulos viajaram (para isso). Mas como não tem, eu tô me sacrificando, sacrificando o mandato, para levar adiante a esperança de liberdade”, disse o deputado.
Ainda durante a entrevista, Eduardo comparou sua situação à do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que voltou ao Brasil e foi preso.
“Eu não vou, sem ter cometido crime nenhum, forçar a minha esposa e os meus familiares a me visitarem numa cadeia injusta. Eu não vou cometer o erro, por exemplo, que o Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) cometeu, de retornar ao Brasil achando que teria um julgamento decente e minimamente constitucional. Agora, se o Alexandre de Moraes quiser, eu desafio ele a me condenar à revelia e mandar o pedido de extradição para os Estados Unidos”, disse Eduardo Bolsonaro.
O deputado anunciou no dia 18 de março deste ano, que iria se licenciar do mandato para evitar uma suposta “perseguição” e que estaria se mudando temporariamente nos Estados Unidos.