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Redação 30 de Agosto, 2025
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“Nordeste nunca reivindicou esmolas, mas políticas de desenvolvimento”, dizem governadores em repúdio a Zema

Política
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Redação 30 de Agosto, 2025

Nesta sexta-feira (29), o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e outros nove governadores do Nordeste assinaram uma nota de repúdio contra o governador Romeu Zema(NOVO) , de Minas Gerais, após ele dizer que os repasses do governo federal para o Nordeste atuam como uma “ajuda eterna” e que os recursos são usados como “moeda de troca” para a política em favor de determinados partidos.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, atacou o Nordeste durante uma entrevista na última quarta-feira (27), quando afirmou que a elite política da região foi mobilizada por Lula e pelo PT “para atacá-lo com falsidades”. “[O povo nordestino] há décadas, para não dizer séculos, é mantido no subdesenvolvimento por oligarquias que se perpetuam no poder, por políticos que enriquecem à custa da pobreza da população”.

“Enquanto o Brasil não se libertar do modelo fracassado imposto pelo PT, jamais alcançará o nível das nações do primeiro mundo e continuaremos assistindo à vergonhosa emigração de milhões de brasileiros para o exterior, fugindo da pobreza e da violência”, complementou.

Em nota, o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste) rebateu as acusações do governador e afirmou que o posicionamento de Zema é uma “narrativa falaciosa” que “insulta” o povo nordestino. “Apenas nas últimas décadas, com a expansão do sistema universitário federal e do investimento em pesquisa, a juventude nordestina começou a colher os frutos de uma presença mais consistente do Estado nacional, alcançando projeções positivas em ciência, cultura e economia”, diz a nota.

Ainda no documento, os governadores buscaram a história para exemplificar por que o Nordeste carece de maior atenção, principalmente na questão econômica, ressaltando que a Constituição prevê que o Estado deve ajudar as regiões mais carentes a fim de corrigir as desigualdades sociais.

“O que está em jogo é a própria compreensão de desenvolvimento. Historicamente, setores do Sudeste resistem a discutir mecanismos de desenvolvimento regional, tratando-os como concessões indevidas. Mas não se trata de concessão: trata-se de justiça histórica e de cumprimento da Constituição, que reconhece a obrigação do Estado de corrigir desigualdades estruturais entre regiões”, pontuam os governadores.

“É preciso compreender este cenário à luz da história. Desde o ciclo do ouro em Minas Gerais, que concentrou riqueza e infraestrutura na colônia e no Império, passando pela centralização política no Rio de Janeiro e pela política do ‘café com leite’, que assegurou recursos e crédito a São Paulo e Minas na República Velha, até os ciclos industriais do século 20, quando as indústrias têxtil, automobilística e siderúrgica se instalaram no Sudeste com fortes subsídios e políticas de atração de mão de obra europeia, o Estado brasileiro sempre privilegiou o eixo Sudeste-Sul. Enquanto isso, o Nordeste foi marcado por migrações forçadas, desestruturação agrária e políticas emergenciais diante da seca”.

Ao rebater as críticas sobre os programas sociais como Bolsa Família, LOAS, BPC e Garantia-Safra, os governadores afirmaram que as iniciativas funcionam como “colchão de proteção” para os períodos críticos na região. “O Nordeste nunca reivindicou esmolas, mas lutou pela criação de políticas de desenvolvimento regional capazes de valorizar suas potencialidades e apoiar seus empreendedores”, diz a nota, assinada pelos nove governadores da região, incluindo o presidente do Consórcio, Rafael Fonteles (PI).

Para finalizar, os governadores reafirmaram o repúdio a “toda forma de racismo, xenofobia e estigmatização regional”.

Fonte: Bnews/ Folha de Pernambuco