Oposição insiste em CPI para investigar descontos indevidos no INSS e governantes ameaçam mirar na gestão Bolsonaro

Parlamentares da oposição articulam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados para apurar descontos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que incluiria senadores, foi adiada por pelo menos duas semanas.

A estratégia da oposição é focar na Câmara, onde acreditam que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), está mais propenso a abrir uma investigação. Eles avaliam que Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado e responsável por autorizar a CPMI em sessão do Congresso, está alinhado ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e menos inclinado a permitir a instalação da comissão.

Alcolumbre tem adotado posturas vistas como favoráveis ao Planalto, como a articulação para retirar do projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, além de propor uma alternativa que apenas modifica as penas. Ele também participa da comitiva presidencial em viagens à Rússia e à China, o que deve esvaziar os trabalhos no Senado até meados de maio, adiando qualquer deliberação sobre a CPMI para depois do dia 15.

Nos bastidores, o senador já sinalizou a aliados que não vê com bons olhos a criação da CPI neste momento, por considerar que ela poderia desviar o foco de outras pautas prioritárias no Congresso.

Por sua vez, Hugo Motta alegou que não pode instalar a CPI do INSS de imediato porque há 11 pedidos anteriores na fila e o regimento da Câmara só permite o funcionamento simultâneo de até cinco comissões desse tipo. No entanto, indicou a membros do PL que estaria disposto a abrir espaço caso a oposição recuasse em parte desses outros requerimentos.