PF encontra envelope com nome Joao Carlos Barcelar, deputado baiano pelo PL, em endereço ligado ao dono do Banco Master
A Polícia Federal localizou, durante buscas da Operação Compliance Zero, um envelope com o nome do deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA) em um imóvel associado ao empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master. O material continha documentos referentes a uma negociação imobiliária, mas, segundo a PF, ainda não há indícios de irregularidade relacionados ao conteúdo apreendido.
Bacelar informou que participou da criação de um fundo para erguer um empreendimento em Trancoso, distrito de Porto Seguro (BA). De acordo com ele, Vorcaro demonstrou interesse em comprar parte do projeto e, por isso, recebeu a documentação. A negociação, no entanto, não avançou.
A descoberta levou a defesa de Vorcaro a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira (28), solicitando que toda a investigação seja enviada à Corte. Os advogados alegam semelhança com a Operação Overclean, que foi remetida ao Supremo após a PF encontrar papéis de uma transação imobiliária envolvendo um parlamentar. O pedido foi distribuído ao ministro Dias Toffoli e faz parte da estratégia para retirar o caso da primeira instância, responsável pela ordem de prisão preventiva do empresário.
No mesmo dia, a desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), voltou atrás em sua decisão anterior e revogou as prisões preventivas de Vorcaro e de outros quatro investigados. Todos foram soltos no sábado.
Como a Polícia Federal ainda não concluiu a análise dos materiais apreendidos, não há, até agora, qualquer suspeita sobre o negócio imobiliário mencionado. Por esse motivo, a corporação avalia que não existem requisitos para enviar o caso ao STF ou a instâncias superiores neste momento.
Embora Vorcaro tenha forte atuação nos bastidores políticos em Brasília, a PF reforça que a transação imobiliária encontrada não guarda relação com o foco principal do inquérito: a negociação de venda do Banco Master para o Banco de Brasília (BRB). Caso surjam novos indícios envolvendo outros fatos, novas frentes de investigação poderão ser abertas.
Entre os itens recolhidos na operação estão celulares dos envolvidos, que seguem em perícia. O ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, que estava fora do país quando a operação foi deflagrada, entregou espontaneamente seu aparelho à PF na semana passada.