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Redação 12 de Novembro, 2025
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Trump anuncia redução de tarifas sobre café e reacende expectativa para retomada das exportações brasileiras aos EUA

Política
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Redação 12 de Novembro, 2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (11) que pretende reduzir “algumas tarifas” sobre o café, um dos principais produtos exportados pelo Brasil. A declaração foi feita durante entrevista ao programa The Ingraham Angle, da Fox News.

“Nós vamos baixar algumas tarifas sobre o café, e vamos ter algum café entrando [nos EUA]”, afirmou o republicano. “Vamos cuidar de tudo isso muito rápido, é cirúrgico, é bonito de se ver, mas o custo de vida hoje está bem menor.” Trump, no entanto, não detalhou o percentual de redução nem quais países seriam beneficiados.

O Brasil, maior produtor e exportador mundial do grão, responde por cerca de um terço do café consumido nos EUA, que aplicaram uma sobretaxa de 50% sobre o produto brasileiro em agosto. Desde então, o impacto tem sido sentido em toda a cadeia produtiva: importadores estão com cargas paradas, torrefadoras pagam taxas para cancelar contratos e consumidores enfrentam aumento de até 40% no preço da bebida.

Segundo a International Trade Administration, o Brasil exportou US$ 1,96 bilhão em café para os Estados Unidos em 2024, mantendo a liderança entre os fornecedores. A Colômbia aparece em segundo lugar, com US$ 1,48 bilhão. A tarifa, entretanto, reduziu drasticamente as importações: em setembro, houve queda de 52,8% nas compras americanas de café brasileiro em relação ao mesmo mês de 2024, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé).

Mesmo com a retração, os Estados Unidos seguem como principal comprador do café brasileiro em 2025, com 4,36 milhões de sacas importadas entre janeiro e setembro, uma queda de 24,7% na comparação anual. O produto não torrado representou 5,3% das exportações brasileiras ao mercado americano neste ano, somando US$ 1,7 bilhão, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

O setor cafeeiro americano, que movimenta cerca de US$ 340 bilhões por ano, enfrenta escassez de estoques e forte pressão de custos. Em setembro, mês seguinte ao início do tarifaço, o preço do café no varejo registrou alta de 3,6%, a maior variação mensal do século, e em outubro estava 19% mais caro do que no mesmo período de 2024.

Além das tensões comerciais, condições climáticas adversas também têm influenciado o mercado global. Desde agosto, os preços futuros do café arábica subiram quase 40%, enquanto os do robusta aumentaram 37%, aproximando-se de recordes históricos.

As restrições tarifárias também atingiram em cheio os cafés especiais brasileiros, cujas exportações para os EUA caíram 67%. Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), os Estados Unidos costumavam importar cerca de 2 milhões das 10 milhões de sacas exportadas pelo Brasil, com destaque para estados como Califórnia, Nova York e Oregon. Após o tarifaço, o volume mensal despencou de 150 mil para 50 mil sacas.

A redução das tarifas, se concretizada, pode favorecer um reaquecimento das exportações e reduzir o preço do café para o consumidor americano. Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniram em outubro, na Malásia, para discutir a retirada das barreiras comerciais sobre produtos brasileiros.