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Flávia Mota 06 de Outubro, 2025
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Câncer de tireoide causa sintomas? Médica explica caso de Everton Ribeiro

Saúde
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Flávia Mota 06 de Outubro, 2025

Endocrinologista explica o que sabe sobre a doença após diagnóstico de Everton Ribeiro

O caso do jogador Everton Ribeiro, capitão do Bahia, que revelou ter sido diagnosticado com câncer de tireoide e passou por cirurgia na última semana, trouxe à tona um alerta sobre uma doença que, na maioria das vezes, não dá sinais no início e pode ser descoberta apenas em exames de rotina.

Segundo a endocrinologista Patrícia Künzle, referência em endocrinologia, o câncer de tireoide é um dos tumores com maior taxa de cura e, em muitos casos, nem sequer exige cirurgia.

“Grande parte dos nódulos da tireoide é benigna. E mesmo quando o diagnóstico é de câncer, o tratamento costuma ser eficaz e pouco agressivo”, explicou a médica em entrevista exclusiva ao Se Ligue Bahia.

Silencioso, mas com alta taxa de cura

O câncer de tireoide é formado a partir de alterações nas células da glândula que regula o metabolismo. O tipo mais comum é o carcinoma papilífero, responsável por cerca de 80% dos casos.

De acordo com Künzle, trata-se de um tumor de crescimento lento e com mais de 90% de chance de cura.

“É uma doença de bom prognóstico. O problema é que, por ser silenciosa, muitas pessoas só descobrem durante exames de rotina, sem apresentar qualquer sintoma”, disse.

Em fases mais avançadas, o paciente pode apresentar rouquidão, dificuldade para engolir ou aumento no pescoço — mas esses sinais não são os mais comuns.

Mulheres são as mais atingidas

Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que o câncer de tireoide é o quinto mais frequente entre mulheres no Brasil. A estimativa para 2025 é de 16.660 novos casos, sendo 14.160 em mulheres.

A doença é mais comum entre os 40 e 60 anos, mas pode atingir qualquer faixa etária. Entre os fatores de risco estão a exposição prévia à radioterapia no pescoço, o histórico familiar, o consumo excessivo de iodo e a obesidade.

“Há uma tendência crescente de diagnósticos por conta de exames solicitados sem necessidade real. Hoje, o ultrassom da tireoide só deve ser indicado quando há alteração no exame físico”, ressaltou Künzle.

Nem todo caso precisa de cirurgia

Durante muito tempo, o câncer de tireoide foi tratado exclusivamente com cirurgia, mas esse cenário vem mudando. A especialista explica que tumores pequenos e de baixo risco podem ser apenas monitorados, em vez de operados.

“Chamamos de vigilância ativa: acompanhamos o paciente com ultrassons regulares e só intervimos se houver crescimento do nódulo”, afirmou.

Outro avanço é a ablação por radiofrequência, um procedimento minimamente invasivo que destrói as células tumorais usando calor ou frio, guiado por ultrassom. O método dispensa anestesia geral, internação e cicatrizes, além de preservar a função da glândula.

Estilo de vida e prevenção

Künzle explica que não há uma dieta específica que previna o câncer de tireoide, mas uma rotina equilibrada é essencial para a saúde da glândula. “Uma alimentação com quantidades adequadas de iodo, vitaminas e minerais, aliada à prática regular de atividade física, é o melhor caminho”, orientou.

A médica reforça que, mesmo diante de um diagnóstico positivo, o cenário costuma ser favorável.

“É importante manter a calma e seguir o acompanhamento. A grande maioria dos casos tem excelente resposta ao tratamento.”

Everton Ribeiro, que descobriu o tumor há cerca de um mês, segue em recuperação e agradeceu o apoio recebido.

 “Correu tudo bem, graças a Deus. Agora é focar na recuperação, com fé e com o apoio da família”, escreveu o atleta nas redes sociais.

O caso serve como alerta, mas também como mensagem de esperança: a maioria dos cânceres de tireoide é tratável, curável e, muitas vezes, nem apresenta sintomas no início.