“As facções determinam as divisões dos módulos no presídio”, afirma advogada sobre sistema prisional na Bahia

A advogada e professora Fernanda Ravazzano falou sobre a influência das facções criminosas no sistema prisional da Bahia. Em entrevista ao programa Se Ligue Bahia, da Itapoan FM, nesta quarta-feira (19), ela explicou como o controle das celas é, na prática, determinado pelo crime organizado e não pelo Estado.

“Não é de hoje, já tem um bom tempo que isso acontece. Quando um preso chega, ele é questionado de qual facção faz parte ou de qual bairro é. Isso acontece para evitar conflitos dentro do presídio.”, disse Ravazzano.

“Se você não é faccionado, te colocam no ‘defeso’, uma cela separada. Mas mesmo assim perguntam: ‘Qual o seu bairro?’ Para evitar que se coloque a pessoa ainda assim que não faccionada, evitar que fique numa região de outro grupo e aí a pessoa termina tendo lá a vida ceifada.”, relatou.

Fernanda ainda destacou que o problema se agrava porque detentos que não tem envolvimento com facções acabam sendo forçados a aderir ao crime organizado dentro do presídio. “A pessoa que não está envolvida no tráfico de drogas acaba se envolvendo e, quando termina de cumprir a pena, fica refém daquela facção. A família fica refém daquela facção.”, alertou.

Para Ravazzano, a falta de controle do Estado e o baixo efetivo da polícia penal contribuem para esse cenário de domínio das facções. “O Estado não garante na prática a segurança do estabelecimento, então termina que é um jogo ali para a acomodar. A polícia penal faz o que dá com um efetivo muito baixo. Um problema grave.”, disse a advogada.