Filhos de mulher que teve o corpo incendiado relata relacionamento conturbado da mãe

Os filhos de Ana Paula Almeida Luz, 41 anos, que foi vítima de uma tentativa de feminicídio na madrugada do último sábado (8), no bairro da Saúde, detalharam como era o relacionamento da mãe com o ex-companheiro e agressor da vítima. Paulo Roberto da Silva Costa, 46 anos, ateou fogo em Ana Paula, após ela ter descoberto uma traição e decidido finalizar a relação.

De acordo com apuração do Jornal Correio, os filhos da vítima relataram que esse ataque foi o ponto mais alto das ameaças e brigas constantes que aconteciam com o casal. Micaele Luz, 19 anos, filha de Ana Paula, revelou como era a relação entre o casal: “Nós sabíamos que ele dava empurrões, tapas, socos e batia nela realmente, além dos xingamentos. No corpo dela, a gente já viu marcas de pancada, arranhões e os sinais de que ela era agredida por ele. Foi uma escalada de violência que chegou a isso, infelizmente”.

Micaele ainda deixa claro que eles sempre viveram com brigas na relação. “A relação dele sempre foi de confusão e briga. Ele tinha esse comportamento de agredir ela verbalmente, de humilhar. Sempre foi grosseiro e, em qualquer lugar que ele chegava, procurava confusão, tratava todo mundo com ignorância”.

O filho mais velho da vítima, Felipe Luz, 23 anos, contou que para a mãe era complicado sair do relacionamento, mesmo com todas as questões. “A gente alertou ela e os amigos vinham dizendo para que ela o deixasse, mas ela foi levando. Todo mundo sabe que, nesses casos de uma relação abusiva, é difícil sair e a coisa escalou, chegando a isso. Eu não moro com ela, mas a gente sabe que houve outras agressões antes. Agressões físicas e, principalmente, verbais”.

Além disso, a advogada e amiga da vítima, Bianca Santos, revelou que Ana Paula já estava pensando em acabar com o relacionamento e na noite anterior ao ataque ela já estava determinada. “Ela confessou para mim, como advogada e amiga da família, que estava procurando ver como sair desse relacionamento, como acabar com esse ciclo de violência. Ana Paula entendia que ela, assim como todas as mulheres, merecia muito mais. Ela não queria continuar com esse relacionamento”.

O caso agora segue sendo investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam/Casa da Mulher Brasileira) como tentativa de feminicídio.