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Leonardo Valente 29 de Abril, 2024
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Radiovaldo Costa: ‘A Petrobras precisam retomar a RLAM’

SLB Entrevista
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Leonardo Valente 29 de Abril, 2024

A semana passada começou com a notícia da possibilidade de falta combustível na Bahia, fato indicado pelo Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras da Bahia (Sindipetro-Ba) e confirmado pela Acelen, empresa que administra a Refinaria de Mataripe. O sindicato apontou que algumas unidades da refinaria estão paralisadas, resultando em um baixo estoque de gasolina e gás de cozinha (GLP).

O presidente do Sindipetro-Ba, Radiovaldo Costa, explicou em entrevista ao Se Ligue Bahia que unidades da refinaria Landulfo Alves, que foi vendida pela Petrobras para a Acelen, estão sem funcionar, o que ocasionou na baixa de estoque de derivados de petróleo, como o gás de cozinha e a gasolina.

Segundo ele, na última semana a Acelen desistiu de uma negociação com outro estado, ordenando o retorno de um navio carregado com gás de cozinha para a Bahia, ao notar a baixa no estoque no estado. “A Acelen preferiu sacrificar um negócio feito para abastecer outro estado e trouxe o navio de volta para garantir o estoque mínimo”, disse.

Radiovaldo indicou também que essa situação já aconteceu há cerca de dois anos, e que o estoque de gasolina nunca esteve tão baixo. Como presidente do Sindipetro, ele defende que a Petrobras compre de volta a refinaria.

Confira a entrevista:

SLB Entrevista – Radiovaldo, explica para a gente essa denúncia de desabastecimento. 
Radiovaldo Costa – Hoje a refinaria Landulpho Alves, localizada lá no município de São Francisco do Conde, é a segunda maior refinaria do país. Uma refinaria que foi privatizada, ou seja foi vendida pela Petrobras em 2021, para o grupo Mubadala Capital, e hoje a Bahia está assustada com essa possibilidade de falta de derivados, principalmente gás de cozinha e gasolina. E essa notícia, denunciada por nós do Sindipetro-BA na última sexta-feira (19), foi confirmada hoje (22) pela Acelen. A Acelen reconheceu o problema, que está enfrentando um problema operacional há quase 10 dias, e esse problema operacional resultou na paralisação de algumas unidades da refinaria, o que consequentemente diminuiu a produção de gás de cozinha e de gasolina, reduziu bastante os estoques destes produtos, e consequentemente o risco e ameaça de faltar sim estes produtos aqui no nosso estado.

SLB Entrevista – Qual o problema levou a essa diminuição e há uma estimativa de até quando os estoques possam durar?
RC – A refinaria tem várias unidades. São unidades de processamento que trabalham de forma integrada justamente para fazer o processamento, o refino do petróleo, e consequentemente a produção dos derivados. Algumas dessas unidades estratégicas, principalmente a unidade 39, unidade estratégica e importante, está sem funcionar desde a semana retrasada, por conta desses problemas técnicos que essas unidades enfrentaram. Por isso, a refinaria diminui a sua produção. Ela não produz mais a mesma quantidade de produtos para poder atender a consumo das distribuidoras, não só da Bahia, mas também de outros estados.

SLB Entrevista – Soubemos de uma situação com um navio, que seria vendido pela Acelen, mas eles desistiram. O que aconteceu?
Veja só o que aconteceu na sexta-feira (19), fato verídico. Um navio saiu do terminal Madre de Deus, carregado de gás de cozinha, para outro estado. A Acelen fica ali do lado do terminal marítimo de Madre de Deus, manda o gás de cozinha para um navio, que armazena e leva para outro estado. Quando esse navio partiu com essa produção, logo em seguida, a direção da Acelen pediu para que o navio voltasse. Retornasse ao terminal Marítimo de Madre de Deus, após, segundo informações que recebemos, 30 a 40 minutos da partida. A Acelen preferiu sacrificar um negócio feito para abastecer outro estado e trouxe o navio de volta para garantir o estoque mínimo. Só que já passou o final de semana, já estamos na segunda-feira, os problemas continuam e com isso esse risco de desabastecimento do nosso estado de gás de cozinha e também da gasolina. A gasolina, na verdade nunca esteve com um estoque tão baixo, bem abaixo daquele nível de segurança, e isso deixa a população preocupada, que precisa dos derivados no dia-a-dia, para trabalhar, para se locomover, para realizar suas atividades. Isso de fato traz muita preocupação, já que a Acelen é a principal fornecedora destes derivados para os 417 municípios da Bahia.

SLB Entrevista – Quais são os próximos passos que podem ser tomados pelo Sindipetro?
RC – Agora é esperar as ações, lá eles estão inclusive realizando manutenção intensa, todas as equipes estão sendo mobilizadas. Nós já tínhamos denunciado a imperícia da gestão da Acelen com a RLAM, em 2021 o risco de falta de gás de cozinha aconteceu da mesma forma. Há dois anos atrás, quase três anos atrás, a Acelen demonstrou imperícia na condução da refinaria. Além disso eles estão demitindo trabalhadores. desde o Carnaval a Acelen já demitiu vários trabalhadores. O clima interno hoje, o ambiente do trabalho é muito ruim. As pessoas estão tensas, preocupadas, inquietas e insatisfeitas com a postura gerencial da Acelen. Nós defendemos que a Petrobras assuma a RLAM de volta. A Petrobras precisa retomar a RLMA. A Petrobras já sinalizou que há uma negociação em andamento, de que a RLAM pode voltar para a Petrobras. Eu acho mais do que nunca que isso é necessário, não só pela imperícia da gestão da empresa, mas também com relação aos aumentos dos combustíveis. Nós vimos um aumento forte na semana passada forte, e há uma tendência de que esses aumentos continuem, prejudicando muito a nossa economia.