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Thatiana Seixas 08 de Novembro, 2024
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‘Estou saindo com as portas escancaradas’, diz Raoni Oliveira ao se despedir da TVE

Entretenimento
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Thatiana Seixas 08 de Novembro, 2024

Em entrevista exclusiva ao Se Ligue Bahia, apresentador faz retrospectiva e revela planos para o futuro

Após quase quatro anos apresentando o TVE Revista, Raoni Oliveira se despede da emissora nesta sexta-feira, 8 de novembro. O comunicador levou uma linguagem mais jovem e irreverente ao principal programa da TV pública da Bahia, protagonizando momentos nada convencionais, e que deixaram a sua marca impressa na emissora e no jornalismo baiano.

Em conversa exclusiva com o Se Ligue Bahia, Raoni fala sobre a decisão de focar no digital, relembra coberturas e compartilha expectativas para a nova fase. Ele foi a Paris cobrir as Olimpíadas e destaca a cobertura do Carnaval de Salvador como um ponto alto na sua trajetória na TV.

No Instagram, o quadro Acerte e Ganhe ganhou grande visibilidade, levando muita animação, participação de cantores, cenas hilárias e interação com o público que passa pela Estação da Lapa, em Salvador. O projeto, que consiste em uma dinâmica musical que premia o participante que acertar a música sugerida no valor de R$ 30, já teve edições em São Paulo e Paris (França), somando mais de 100 mil visualizações.

Além da TVE, Raoni tem passagens pelas rádios Bahia FM, Piatã FM e TV Aratu, como produtor, social media, repórter e apresentador. Agora, ele experimenta pela primeira vez viver exclusivamente do digital, depois de perceber grandes oportunidades com marcas nacionais. Ao mesmo tempo que confessa estar com o coração apertado, o comunicador segue firme na sua decisão.

De segunda-feira em diante, jornalista Naiara Oliveira (ex-Record Bahia) assumirá o comando do jornal, que vai ao ar de segunda a sexta, ao meio-dia.

Como está o coração ao se despedir do TVE Revista depois de quase 4 anos?

Coração apertado, mas com muita, muita, muita gratidão pela TV pública da Bahia, por todo esse ciclo de muita troca e muito aprendizado. Eu fui para um projeto muito importante de posicionamento da televisão enquanto comunicação com o jovem, uma comunicação ambiciosa mesmo, e a gente sai com números absurdos como Carnaval, Campeonato Baiano, o próprio (TVE) Revista, projetos de São João… A TVE está se tornando cada vez mais referência, sobretudo em transmissões. Então, isso foi muito bacana.

O coração está de fato apertado, mas sobretudo com gratidão, pois essa troca foi muito boa para os dois lados, funcionou bastante. Eu aprendi muito.

Me tornei um apresentador mais completo, ainda mais preparado para lidar com o tudo o que é possível de ser feito no campo da comunicação. Então, à TV pública da Bahia eu só tenho mesmo gratidão.

O que o levou a essa decisão de focar apenas no digital? Existe um novo projeto em vista?

O digital tem crescido muito não só pra mim, mas em campo geral pra galera que produz conteúdo. Isso tem acontecido pra mim numa velocidade absurda, e eu não falo aqui de engajamento ou número de seguidores, mas principalmente no relacionamento com marcas, sobretudo do campo nacional, vem se interessando pelo meu trabalho, vem cocriando ou colaborando comigo, e isso tem sido um movimento muito interessante que vem de fato me ajudando bastante a pagar boleto (risos). Eu acredito muito no digital. Antes de assumir o microfone de uma rádio ou de uma televisão, eu trabalhava nos bastidores, assumindo redes sociais de rádios e televisão. Então tudo o que eu aprendi como social media, eu coloco em prática como produtor de conteúdo. Essa estratégia vem funcionando e trazendo muitos frutos. Tenho hoje o Acerte e Ganhe, que é um quadro que já me levou pra Paris e São Paulo, e me trouxe presentes incríveis, como vídeos com mais de 100 milhões de visualizações. Então é uma decisão que eu tomo para empreender mesmo.

 

Quando você entrou na TV, já pensava em ter um ‘prazo de validade’ neste projeto para se dedicar somente ao digital?

Não tinha. Sempre pensei em seguir pelos dois caminhos, e nesse período um sempre retroalimentou e fortaleceu o outro. Sempre gostei muito de ser multiplataformas, e a TV e a internet por muito tempo fizeram uma dobradinha pra manutenção da minha marca, para a produção dos meus conteúdos, e também pra levar um pouco do digital pra TV, porque hoje a TV pede isso.

Não saí com prazo de validade, não. Mas sempre soube que o digital era um caminho muito importante pra manutenção da minha marca e do Raoni comunicador.

Foto: Mateus Santos

O jornal te dava muita liberdade em suas falas e posicionamentos. Como isso foi construído lá dentro?

Vou ser muito sincero, a gente nunca teve um papo sobre o que eu poderia ou não falar. Óbvio que você entende quais são os compromissos, o que a empresa quer comunicar e pra onde se vai. Mas a TV me deu muita liberdade pra eu falar o que eu queria falar. Acho também que já contrataram um profissional que sabia sobre o que ele acreditava. Então eu dei passos muito importantes em relação a isso. Me posicionei em relação a minha gente, a nossa gente.

Lembro de quando eu descolori o cabelo, isso impactou bastante nas mães que viram isso e viam nos seus filhos e a TV me apoiou também nesse processo.

Saindo do convencional, Raoni apresentou o jornal com cabelo descolorido. Foto: Reprodução / Redes Sociais

Já entrei com a farda da escola pública. E tive posicionamentos mais contundentes a várias pautas que eu acredito. Sou muito grato a esse processo que me fez amadurecer muito enquanto profissional.

Raoni apresentou o programa vestido com a farda do colégio estadual. Foto: Reprodução / TVE Bahia

Ao longo da sua trajetória no TVE Revista, qual momento mais te marcou? Alguma história em especial?

Acho que as transmissões do Carnaval foram impressionantes. Talvez seja o momento de maior exposição da TVE  e o que eu posso falar deste Carnaval foi poder ter feito a cobertura da saída do Ilê Aiyê. Todo mundo que curte o Carnaval precisa viver aquilo pelo menos uma vez na vida, lá na Ladeira do Curuzu, na Liberdade. Foi logo na minha primeira transmissão na TVE, em 2020 e foi absurdamente incrível. Foi cobrindo, trabalhando e foi uma experiência maravilhosa. Então o Carnaval, porque eu gosto muito e porque os resultados são ainda maiores na TV pública.

Raoni apresentando o Carnaval de Salvador na TVE Bahia. Foto: Arquivo pessoal

Quais são as expectativas para essa nova fase? Como pretende engajar seu público?

Pergunta de milhões! (Risos). Embora eu tenha tomado essa decisão, pra ser bem franco, a gente nunca sabe, não dá pra prever o futuro. A gente nunca sabe se é de fato o momento. Então aqui eu falo sem muita demagogia, falo sempre isso para a minha audiência, pra não cair no campo da hipocrisia:

Óbvio que eu tô saindo com dúvidas, óbvio que tô saindo com o coração apertado, óbvio que tô com algumas incertezas. Mas também sei que tudo na minha vida foi conquistado no orgânico e com muito trabalho, e eu acredito que agora vai ser da mesma forma.

Raoni apresentando o quadro Acerte e Ganhe, na Estação da Lapa. Foto: Divulgação

Então vai ser o momento de me engajar mais com a galera, de curva de subida muito bacana. Quero me consolidar cada vez mais como um comunicador que tem o entretenimento como a sua ferramenta principal, seja música ou humor. Mas que também tenha o conceito e uma ideia muito importante para falar para os seus.

Eu tenho consciência da importância da representatividade e de quantas pessoas eu sigo inspirando, mesmo no campo da internet.

Então vão ter mais quadros de interação com o público, muita coisa com música, troca de ideias com o povo, e especialmente pensar num mundo melhor.

Pretende retornar aos meios tradicionais como TV e rádio?

Não fechei portas para a TV ou o rádio, até porque, o rádio mesmo é um meio que eu sou apaixonado, sinto muita saudade. Mas estamos nesse momento de primeiro entender como vai funcionar esse novo mundo.

É a primeira vez que eu não vou trabalhar para uma empresa, vou trabalhar para mim.

 

Ou seja, temos que entender direitinho, fiz uma organização financeira para me preparar para este momento. Então quem tiver lendo essa matéria, se prepare, se planeje. Respire fundo e pense bem, faça um planejamento financeiro, para minimizar os problemas.

Então, não fechei portas pra TV e nem para o rádio – nem mesmo para a própria TVE, saio de lá com as portas escancaradas, e também para outras emissoras, obviamente. Mas esse é o momento de experimentar.