MP-BA denuncia PMs de terem alterado cena de crime em Salvador para fingir troca de tiros
Caso aconteceu em 1 de março de 2022. Três jovens morreram na ocasião.
O Ministério Público da Bahia denunciou os agentes Tárcio Oliveira Nascimento, Thiago Leon Pereira Santos, Lucas dos Anjos Bacelar Dias e Marinelson Mendes Alves da Cruz pelo crime de fraude processual, no caso das mortes de três jovens na localidade de Gamboa de Baixo, em Salvador, no dia 1 de março de 2022. A suspeita é de que o grupo teria alterado a cena do crime, para indicar que as vítimas morreram em troca de tiros, enquanto se tratava de uma execução.
A denúncia da Promotoria de Justiça de Controle Externo da Atividade Policial e do Grupo de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp) diz que eles “alteraram, substancialmente, a cena do crime em diversos momentos, objetivando apagar os rastros dos homicídios”.
Na ocasião, morreram os jovens Alexandre Santos dos Reis, Cléverson Guimarães Cruz e Patrick Sousa Sapucaia, este último menor de idade.
A denúncia aponta, seguindo os laudos periciais da reprodução simulada dos crimes, que os agentes “plantaram” armas de fogo, que não estariam em posse das vítimas, e teriam lavado com vassoura, baldes e água de casas da comunidade, poças de sangue deixadas em uma escadaria da Gamboa de Baixo, onde realmente dois deles foram atingidos.
Também consta na denúncia que os policiais tiraram os corpos das vítimas de uma casa abandonada já sem vida, colocando-os em lençóis e encaminhando-os ao Hospital Geral do Estado, com o objetivo de sustentar a versão de que eles teriam sido “recebidos a bala” na Avenida Contorno, quando teria começado uma perseguição até a casa abandonada.
Na casa, segundo a versão dos agentes, houve um confronto armado, de onde as vítimas saíram feridas. “Todavia, as provas técnicas produzidas refutam as versões dos policiais e comprovam que as cenas dos crimes foram alteradas dolosamente”, afirma a denúncia.
O MP pediu o afastamento cautelar dos PMs do policiamento ostensivo durante seis meses, além da proibição deles irem à Gamboa e manterem contato com testemunhas e familiares das vítimas até o final da investigação.