PT da Bahia escancara “democracia reborn”

As recentes declarações do senador Jaques Wagner (PT) sobre a montagem da chapa do partido para 2026 na Bahia escancaram aquilo que muita gente já antecipava: não há, nesse grupo político, exatamente o que se possa chamar de respeito pelos aliados.

Como está na moda, o PT parece ter lançado sua própria versão da democracia — a democracia reborn. Um boneco que tem cara de gente, se veste como gente e é até fofinho, mas, ao fim e ao cabo, não é nada mais que um conglomerado de plástico maquiado e sem serventia alguma.

A chapa Jerônimo-Rui-Wagner (e talvez até Geraldo, que, lapeado pelo terceiro lugar em 22, se viu citado como “vencedor”) deve mostrar à Bahia um traço bem particular de parte dos integrantes do partido aqui: o discurso é um — bonito e pomposo. Mas a prática tende a ser contrária, bastante lamacenta e subterrânea.

Para além da inegável simbologia de três figuras notadamente conhecidas na política baiana, fechar a chapa só com membros do PT tem lá seus significados: primeiro, que o trio avalia a própria trajetória como positiva; segundo, que há uma esperança ululante na melhora da avaliação do governo Lula; e terceiro, que a filosofia do “é tudo nosso, nada deles” prevaleceu.

Sobrou para os senadores Coronel e Otto assistirem a Wagner, mais uma vez na Metrópole, ditar os rumos da conversa. Em anos anteriores, o político que assistiu seu próprio destino ser desenhado naqueles microfones foi o então vice-governador João Leão (PP).

Antes, porém, o PT já havia mostrado em diversas oportunidades seu jeito “peculiar”, digamos assim, de contemplar aliados. Ou será que já podemos dar como superado o caso de Lídice da Mata? E o PCdoB, sempre relegado à quarta importância na disputa por vagas no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM)? E Nilo, que tanto serviu ao PT e foi chutado?

Ao eleitor cabe observar os fatos e fazer seu juízo. A este colunista, um pedido: chega de reborns. Seja qual for a sua espécie.