
PF aponta risco de vazamentos no STJ e pede inquérito ao STF
Investigação mira origem de informações sigilosas repassadas de dentro do tribunal

A Polícia Federal apontou “riscos concretos” de vazamentos de investigações sigilosas que tramitam no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito sobre o caso. O pedido, apresentado ao ministro Cristiano Zanin, levou à mais recente fase da Operação Sisamnes.
Segundo a PF, há indícios de que informações reservadas sobre operações policiais foram repassadas de dentro de gabinetes do STJ. A investigação, no entanto, não mira diretamente os ministros da Corte. O inquérito busca apurar quem foi o responsável pelos vazamentos e como essas informações chegaram a terceiros.
O caso se conecta às operações Sisamnes e Maximus, esta última voltada à venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça do Tocantins. Em uma ligação interceptada em junho de 2024, um sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), conversa com um desembargador e menciona “companheiros em Brasília” que monitoravam investigações sigilosas do STJ. As operações mencionadas na conversa só foram deflagradas dois meses depois.
Durante as buscas autorizadas por Zanin em março deste ano, foram apreendidas cópias de inquéritos em um computador utilizado por Thiago Barbosa de Carvalho, o sobrinho do governador. Ele foi preso preventivamente, mas o governador não foi indiciado. A defesa de Thiago não se manifestou até o momento.
A Procuradoria-Geral da República afirmou ver “relação direta” entre os vazamentos e a investigação sobre a venda de decisões judiciais no STJ. Atualmente, os gabinetes dos ministros Og Fernandes, Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e Paulo Moura Ribeiro estão entre os alvos das apurações em andamento no STF.
Zanin justificou a transferência do inquérito ao STF por entender que os fatos investigados indicam a possível existência de uma organização criminosa atuando dentro do Poder Judiciário. Segundo ele, a atuação do Supremo é necessária para assegurar a eficácia das investigações.