Governo da Argentina aumenta salário mínimo em 30% enquanto inflação ultrapassa 250%
Ajuste salarial ocorre em um momento de crescente tensão social na Argentina, onde a pobreza afeta 57% da população
O governo da Argentina anunciou um aumento de 30% no salário mínimo entre fevereiro e março, conforme declarado pelo porta-voz da Presidência na última terça-feira (20), em meio a uma inflação anual que ultrapassa os 250%.
O Conselho do Salário Mínimo, composto por representantes do governo, câmaras empresariais e sindicatos, solicitou um aumento de 85%, durante uma reunião realizada na última quinta-feira (!5). O porta-voz Manuel Adorni informou que não foi possível alcançar um consenso.
“Não foi possível que as partes chegassem a um acordo na discussão sobre o salário mínimo”, afirmou Adorni. Diante dessa situação, acrescentou o porta-voz, “o governo deve intervir e fixar um salário mínimo”, algo que inicialmente foi rejeitado pelo presidente Javier Milei.
O novo valor foi estipulado em 180 mil pesos para fevereiro (equivalente a US$ 204 na taxa oficial de câmbio, ou R$ 1.007), representando um aumento de 15% em relação aos atuais 156 mil pesos. Para março, o salário mínimo foi fixado em 202,8 mil pesos (equivalente a US$ 230, ou R$ 1.136), indicando um aumento de 30% em comparação com o valor atual.
Esse ajuste salarial ocorre em um momento de crescente tensão social na Argentina, onde a pobreza afeta 57% da população, conforme aponta um estudo do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA) divulgado no último fim de semana. Desde o último reajuste salarial em dezembro, a inflação argentina atingiu 25,5% naquele mês e 20,6% em janeiro, totalizando uma inflação interanual de 254%.