
Funcionária ligada a Hugo Motta é exonerada após acúmulo de cargos públicos na Paraíba
Louise Figueiredo de Lacerda, filha de um aliado político do presidente da Câmara, atuava como assessora parlamentar enquanto mantinha dois cargos de médica nas prefeituras de João Pessoa e Alhandra

Uma ex-assessora do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi exonerada após vir à tona que ela mantinha outros dois empregos públicos enquanto seguia registrada no gabinete do parlamentar.
A funcionária, Louise Figueiredo de Lacerda, é médica e filha do ex-vereador Marcílio Lacerda (Republicanos), aliado político de Motta. Ela atuava como secretária parlamentar desde 2018, período em que ainda cursava faculdade, e recebeu cerca de R$ 240 mil ao longo dos anos em que esteve vinculada ao gabinete.
Registros públicos mostram que, além do cargo na Câmara, Louise também aparece como servidora das prefeituras de João Pessoa e Alhandra (PB). Na capital, foi contratada em 31 de julho de 2025 para atuar em uma Unidade de Saúde da Família, com salário de R$ 9,4 mil mensais. Já em Alhandra, figura no sistema do Ministério da Saúde como médica com carga horária de 20 horas semanais.
A situação fere as regras da Câmara dos Deputados, que proíbem o acúmulo de cargos públicos e exigem dedicação exclusiva de 40 horas semanais para assessores parlamentares. O nome de Louise foi removido do site da Casa apenas após o gabinete de Motta ser questionado pela imprensa.
Ao ser procurada, Louise afirmou que “não faz mais parte do gabinete há algum tempo”, mas não soube informar a data de sua exoneração. A Prefeitura de João Pessoa confirmou a contratação e disse que, no ato da posse, ela declarou não possuir outro cargo público. Já a Prefeitura de Alhandra não respondeu aos questionamentos.
Em julho, a Folha de S. Paulo já havia revelado que três funcionárias do gabinete de Motta eram funcionárias fantasmas — entre elas, a própria Louise. As demais, Gabriela Pagidis e Monique Magno, também exerciam atividades fora da Câmara.
O caso se soma a uma série de denúncias envolvendo o presidente da Câmara e seus assessores, que têm evitado se pronunciar sobre as irregularidades apontadas.